Obesos que se exercitam podem ser saudáveis sem emagrecer, diz tese
A dieta e o emagrecimento, historicamente vinculados à melhora na saúde dos obesos, não são as únicas formas de impedir doenças e problemas funcionais do organismo, segundo a pesquisa de doutorado da educadora física Valéria Bonganha, defendida na Faculdade de Educação Física (FEF), da Unicamp, em Campinas (SP). A tese comprovou melhora na saúde de 24 voluntários, que têm entre 40 e 60 anos e apresentam obesidade grau um, a partir de exercícios combinados e sem redução do peso ou mudança de hábitos alimentares.
Durante seis meses, todos os 24 voluntários praticaram uma hora de exercícios combinados, que incluíram 30 minutos de caminhada ou corrida e outra meia hora de musculação, três vezes por semana. “Fizemos o acompanhamento para que não houvesse mudança de hábitos alimentares, sem redução de comidas calóricas”, explicou a pesquisadora de 33 anos.
Como método, a Valéria optou por selecionar somente voluntários homens e de meia-idade. Além disso, todos os participantes apresentavam índice de massa corporal (IMC) entre 30 e 34,9, o que indica obesidade grau um, e não praticavam exercícios regulares. “Eles passaram por uma bateria de exames para que não fosse escolhido alguém com doenças anteriores”.
Após o período de seis meses de exercícios, os resultados obtidos pela pesquisadora demonstraram que houve melhora na capacidade aeróbia e na força dos voluntários, além de diminuição do risco de doenças cardiovasculares. “Percebemos que a saúde dos obesos, de maneira global, foi significativamente melhorada, mesmo sem perda de peso”, resumiu Valéria.
A educadora física defendeu em maio deste ano o projeto, que se chama “Respostas cardiovasculares e autonômicas após treinamento concorrente em obesos de meia-idade”. Valéria passou por quatro anos de pesquisas prévias e exercícios práticos para finalizar a tese.
Menor possibilidade de doenças
Os participantes do estudo tiveram melhora de 79% na variabilidade da frequência cardíaca, o que significa uma diminuição na possibilidade deles sofrerem com doenças cardíacas. “Quanto mais variabilidade o ser humano apresentar, mais adaptado às diferentes situações da vida ele estará, como momentos de estresses no trânsito ou emoção. Isso reduz a chance de um enfarte ou hipertensão, por exemplo”, explicou a educadora.
Valéria lembra, porém, que a pesquisa não considerou variáveis como a genética das doenças cardíacas e não foram selecionados voluntários com quadro de doenças anteriores ou diabetes.
A bateria de exercícios gerou, também, o aumento de 8,4% na capacidade cardiorrespiratória e de 28,12% da força muscular dos voluntários. A diminuição da pressão arterial diastólica em 7,1% também foi significativa, segundo Valéria.
Exercícios combinados
Segundo a doutora, o treino que mescla exercícios de musculação e aeróbios é considerado ideal para a melhora da saúde. “É um modelo ideal, porque o aerobio melhora a capacidade cardiovascular e o peso a função muscular, que são as duas características diretamente relacionadas à saúde”, explicou.
Para a tese, Valéria conta que optou por aplicar o mínimo exigido para treinos, a fim de priorizar que o estudo seja aplicável. “Uma hora de exercícios, sendo o início um aquecimento com alongamento e que pode ser feito até em casa, com alguns aparelhos”.
Apesar disso, a educadora conta da dificuldade que os homens com as características estudadas por ela têm para manter a rotina de treinos. “Na pesquisa, havia a obrigação, eles sabiam que alguém os esperava. No dia a dia, é difícil fazer com que os homens mantenham esse empenho”, finalizou.
Fonte: GloboEsporte.com
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