Fatores Emocionais da Obesidade

outubro 29, 2016
Cassio Wasser
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A causa da obesidade é multifatorial, ou seja, vários fatores que se inter-relacionam em um contexto histórico e social. São eles:

* Fatores Hereditários;
* Fatores Físicos (sedentarismo);
* Hábitos alimentares inadequados; e
* Fatores Emocionais.

Se a causa é multifatorial, o tratamento assim o deve ser. Estes quatro fatores não agem isoladamente no individuo. É possível identificar um fator desencadeante ou que se sobressaia, entretanto, afirmar que uma área da vida de um sujeito que é bio-psico-espiritual-social não interfere na outra é uma visão reducionista, a qual deve ser evitada e questionada. Deste modo, para o tratamento e prevenção da obesidade é importante considerar não somente a prática exercícios físicos e alimentação adequada, mas além destes, os fatores hereditários e emocionais.

Neste post, aprofundaremos os fatores emocionais, que infelizmente, acabam por ser um dos mais negligenciados no tratamento e prevenção da obesidade e do sobrepeso.

Os fatores emocionais da obesidade

As pessoas comem não somente porque precisam se nutrir e/ou quando estão com fome. A alimentação tem significado social, cultural e emocional que estão conectados ao comportamento humano desde cedo. Quando uma pessoa busca um alimento deseja não somente saciar a fome, mas sim saciar necessidades que o alimento representa. Bleil (1998) cita o exemplo do café, colocando que sua utilização está menos ligada ao efeito estimulante ou relaxante sendo mais relacionada à sociabilidade que ele representa e proporciona a quem o consome.

Neste sentido, considerar o alimento somente pelo seu fator nutricional seria abdicar outros fatores e significados que podem ser atribuídos à comida pela pessoa no ato de comer. A alimentação representa dimensões mais complexas e abrangentes do que simplesmente ter função de compor a dieta de um organismo.

Se não sentem fome, e continuam ingerindo comida é porque existe alguma necessidade a ser sanada. Inconsciente ou conscientemente, o indivíduo busca no comer compulsivo sanar ansiedade, contato social, se acalmar quando se sente triste, estressado, solitário ou amedrontado, ou mesmo festejar quando está feliz. É importante entender o ciclo da compulsão porque este pode instaurar uma obesidade, sobrepeso ou mesmo um transtorno alimentar. Como qualquer outra pessoa, o compulsivo tem sensações ruins e sofre de ansiedade e tédio.

A diferença está na maneira como lidam com esses sentimentos. É como se precisassem da comida para satisfazer necessidades que são emocionais.

Segundo Hirschmann e Munter (1988) apud Sarubbi (2003), a maneira como as pessoas se alimentam representa como enfrentam os problemas em sua vida. Em geral, se consideram carentes de disciplina, com baixa força de vontade, imaturos, descontrolados e fracos. Deste modo, não é o padrão alimentar que realmente interessa, e sim as razões emocionais por trás da compulsão.

Restringir alimentos, mudar os hábitos alimentares ou exagerar nas atividades físicas pode não resolver a longo prazo a obesidade. A maioria destas pessoas têm consciência de que sua alimentação foge dos padrões de normalidade, que precisaria mudar alguns hábitos e, principalmente, que existe um fator emocional envolvido nesta dinâmica. Porém, tomar consciência de que a maneira como lida com os conflitos é por meio da comida, não é o suficiente para mudar esta realidade. Comer compulsivamente é, então, um meio encontrado pela pessoa para lidar com as emoções. Contudo, este comportamento não resolve seus problemas em longo prazo, apenas ameniza momentaneamente. Acarreta mais insatisfação, baixa autoestima, sentimento de inadequação perante padrões estabelecidos e ainda não resolve os conflitos de ordem emocional que o levaram a comer compulsivamente (SARUBBI, 2003).

É necessário um olhar além do ato de comer, para o que está por trás desta necessidade, é necessário um olhar para esta pessoa que come e que sofre. Para entender a dinâmica do comportamento alimentar, que muitas vezes é manifestado na obesidade, no sobrepeso e nos transtornos alimentares é necessário ter consciência de que o alimento preenche necessidades emocionais.

E são com os estados emocionais e suas manifestações que o psicólogo trabalha e visa modificar, quando passa a ser disfuncional e prejudicial. No contexto da obesidade, a psicoterapia ganha destaque quando, mesmo com atividade física e acompanhamento nutricional, a pessoa não consegue emagrecer ou se manter magra. Isto porque as ciências isoladas não dão conta das causas multifatoriais da problemática. É necessário o trabalho multiprofissional e, atualmente, a Psicologia tem aperfeiçoado seus estudos e práticas no que concernem as relações do homem com a comida, a fim de sanar estas necessidades emocionais identificadas e descritas acima.

fonte: Psicologia e comportamento alimentar